segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PORQUE SER ANGOLEIRO

PORQUE SER ANGOLEIRO

O CANDOMBLÉ É UMA RELIGIAO QUE SE CARACTERIZA POR DIFERENCAS, QUE NUM PRIMEIRO MOMENTO ERAM ETNICAS, MAS QUE

OS VÁRIOS SEGMENTOS DA RELIGIAO. São as nações, sendo que as predominantes a gege, de origem no povo ewe, hoje Benin e Togo, a de Ketu, de origem yoruba e a de Congo-Angola, como origem nos países banto da áfrica meridional e sul. Existe harmonia entre essas nações, ontem muito mais que hoje, mas há também diferenças estruturais importantes.

Sobre a nação de ketu sabe-se muita coisa graças a um intenso trabalho de pesquisa levado a efeito nas casas mais tradicionais. Sabe-se a história, seus principais ritos, sua rica mitologia. As livrarias sempre dispõem de obras a respeito do assunto, e só não lê algo sobre a nação de keto quem não tiver mesmo nenhum interesse.

Quanto a nação gege pouquíssima informação é encontrada e só agora começam a surgir os primeiros trabalhos sobre esse segmento. Assim como sobre a nação de Congo-angola também começam a surgir timidamente os primeiros trabalhos.

No entanto, o que nos leva a tomar esse espaço não é evidentemente nos preocuparmos com esse assunto mas sim apresentarmos uma pequena reflexão sobre o que é ser angoleiro.

O candomblé de congo-angola apresenta algumas características que lhe são próprias, assim como as outras nações. A simplicidade no modo de trajar das pessoas, mesmo em dias de festa é uma delas. Essa simplicidade como traço distintivo já deu ao angola o epíteto de nação da chita, evidenciando o gosto que as mulheres angoleiras tem por esse tipo de tecido para compor suas belas vestimentas. O homem angoleiro normalmente usa apenas calca e camisa branca e um boné branco na cabeça. Tudo muito simples, despojado e singelamente belo.

Os tambores no candomblé de congo-angola são tocados com as mãos, acompanhado pela campânula de ferro ou do caxixi. A questão do ritmo é outra das marcas angoleiras. Suas cantigas são fáceis de memorizar porque tem os ritmos da musica popular e da musica folclórica do país, tornando-se assim muito familiar ao povo em geral. Numa kizomba ou num rito interno todo mundo presente é capaz de acompanhar as cantigas e fazem isso com muito entusiasmo. Como os atabaques são tangidos com as mãos criam-se sons familiares a maioria das pessoas já acostumadas com os batuques brasileiros.

Mas, sem muitas delongas, a grande diferença entre as nações são as divindades cultuadas em cada uma delas. No ketu cultuam-se os orixás, no gege cultuam-se os voduns e no congo-angola cultuam os bankissi (sing.Nkissi). Esse é o grande traço diferenciador entre todos. Os aspectos formais dos cultos contam muito pouco quando chegamos ao âmago da questão, que são as divindades. Todas essas divindades, no nosso modo de ver, são elementos da natureza. Náo foram divinizadas pelo homem, mas são divinas em sua essência, fazem parte da criação de Nzambi-Ampungo, o incriado. A natureza está presente para nos harmonizar com o todo do qual Nzambi faz parte, mas também para nos harmonizar com o cosmos e em tudo que nele existe.

Se todas as divindades do candomblé são elementos da natureza, como maior ou menor personificação não significa que sejam exatamente a mesma coisa. Um nkissi é um nkissi, um orixá é um orixá e o vodum tem suas próprias características tal como os bankissi e os orixás. Muita gente vê como seres da mesma natureza e estão certos. Sáo da mesma natureza, mas oriundos de culturas milenares diferentes que os moldaram culturalmente diferentes. Suas naturezas divinas se amoldaram a culturas diferentes e seus comportamentos se adaptaram aos comportamentos humanos que os cercavam porque só assim, falando a mesma linguagem dos homens poderiam viver em harmonia com eles e trazer paz e prosperidade ao grupo. Náo poderiam ser estranhos ao grupo porque se o fossem não conseguiriam suas metas e seus intentos que é o de ajudar os humanos em sua caminhada pelo planeta. Portanto, são iguais na sua natureza divina mas diferentes em sua natureza cultural e sendo assim, devem ser vistos como similares mas ao mesmo tempo profundamente diferentes.

Na crença mais profunda do candomblé cada indivíduo nasce com uma natureza própria que vai se amoldando e se aperfeiçoando no decorrer da vida. Essa natureza própria é nosso Nkissi por isso dizemos que nossa cabeça pertence a esse ou aquele Nkissi. O Nkissi não é nosso anjo da guarda. Ele é nossa natureza mais profunda por isso cada indivíduo tem suas próprias manias e seu jeito de ser. Se o nkissi é a nossa natureza mais profunda somos socialmente e culturalmente quase uma cópia dele, por isso nos comportamos de maneira tão parecida com ele.

No candomblé as pessoas transferem-se de casa, de grupo e até de nação. É muito comum vermos pessoas que pertenciam a uma nação passarem a pertencer a outra com muita freqüência. E ao mudar de nação apenas transferem o nome da divindade adaptando-a ao novo meio. Se no angola era de mutakalambô, passa para o keto como Oxossi e assim por diante. Ou se era no keto Oxum passa no angola a ser Dandalunda. Tudo muito bonito se não fosse por um detalhe. Ou sua natureza já era de orixá e não de Nkissi ou está havendo uma enorme enganação cujos resultados redundarão em fracassos e mazelas na vida.

Se há similaridade entre as divindades, há também profundas diferenças que devem ser levadas em conta. No início dos candomblés os indivíduos eram conduzidos para essa ou aquela casa de acordo com o resultado do jogo. Se fosse de angola era encaminhado para uma casa de angola, se de keto ia pro keto. Hoje em dia, os zeladores em sua maioria querem é ter filhos de santo. Váo logo recolhendo sem levar em conta as particularidades de cada um. O resultado é o desastre, o mal estar e o nome do candomblé na lama.PORQUE SER ANGOLEIRO

O CANDOMBLÉ É UMA RELIGIAO QUE SE CARACTERIZA POR DIFERENCAS, QUE NUM PRIMEIRO MOMENTO ERAM ETNICAS, MAS QUE

OS VÁRIOS SEGMENTOS DA RELIGIAO. São as nações, sendo que as predominantes a gege, de origem no povo ewe, hoje Benin e Togo, a de Ketu, de origem yoruba e a de Congo-Angola, como origem nos países banto da áfrica meridional e sul. Existe harmonia entre essas nações, ontem muito mais que hoje, mas há também diferenças estruturais importantes.

Sobre a nação de ketu sabe-se muita coisa graças a um intenso trabalho de pesquisa levado a efeito nas casas mais tradicionais. Sabe-se a história, seus principais ritos, sua rica mitologia. As livrarias sempre dispõem de obras a respeito do assunto, e só não lê algo sobre a nação de keto quem não tiver mesmo nenhum interesse.

Quanto a nação gege pouquíssima informação é encontrada e só agora começam a surgir os primeiros trabalhos sobre esse segmento. Assim como sobre a nação de Congo-angola também começam a surgir timidamente os primeiros trabalhos.

No entanto, o que nos leva a tomar esse espaço não é evidentemente nos preocuparmos com esse assunto mas sim apresentarmos uma pequena reflexão sobre o que é ser angoleiro.

O candomblé de congo-angola apresenta algumas características que lhe são próprias, assim como as outras nações. A simplicidade no modo de trajar das pessoas, mesmo em dias de festa é uma delas. Essa simplicidade como traço distintivo já deu ao angola o epíteto de nação da chita, evidenciando o gosto que as mulheres angoleiras tem por esse tipo de tecido para compor suas belas vestimentas. O homem angoleiro normalmente usa apenas calca e camisa branca e um boné branco na cabeça. Tudo muito simples, despojado e singelamente belo.

Os tambores no candomblé de congo-angola são tocados com as mãos, acompanhado pela campânula de ferro ou do caxixi. A questão do ritmo é outra das marcas angoleiras. Suas cantigas são fáceis de memorizar porque tem os ritmos da musica popular e da musica folclórica do país, tornando-se assim muito familiar ao povo em geral. Numa kizomba ou num rito interno todo mundo presente é capaz de acompanhar as cantigas e fazem isso com muito entusiasmo. Como os atabaques são tangidos com as mãos criam-se sons familiares a maioria das pessoas já acostumadas com os batuques brasileiros.

Mas, sem muitas delongas, a grande diferença entre as nações são as divindades cultuadas em cada uma delas. No ketu cultuam-se os orixás, no gege cultuam-se os voduns e no congo-angola cultuam os bankissi (sing.Nkissi). Esse é o grande traço diferenciador entre todos. Os aspectos formais dos cultos contam muito pouco quando chegamos ao âmago da questão, que são as divindades. Todas essas divindades, no nosso modo de ver, são elementos da natureza. Náo foram divinizadas pelo homem, mas são divinas em sua essência, fazem parte da criação de Nzambi-Ampungo, o incriado. A natureza está presente para nos harmonizar com o todo do qual Nzambi faz parte, mas também para nos harmonizar com o cosmos e em tudo que nele existe.

Se todas as divindades do candomblé são elementos da natureza, como maior ou menor personificação não significa que sejam exatamente a mesma coisa. Um nkissi é um nkissi, um orixá é um orixá e o vodum tem suas próprias características tal como os bankissi e os orixás. Muita gente vê como seres da mesma natureza e estão certos. Sáo da mesma natureza, mas oriundos de culturas milenares diferentes que os moldaram culturalmente diferentes. Suas naturezas divinas se amoldaram a culturas diferentes e seus comportamentos se adaptaram aos comportamentos humanos que os cercavam porque só assim, falando a mesma linguagem dos homens poderiam viver em harmonia com eles e trazer paz e prosperidade ao grupo. Náo poderiam ser estranhos ao grupo porque se o fossem não conseguiriam suas metas e seus intentos que é o de ajudar os humanos em sua caminhada pelo planeta. Portanto, são iguais na sua natureza divina mas diferentes em sua natureza cultural e sendo assim, devem ser vistos como similares mas ao mesmo tempo profundamente diferentes.

Na crença mais profunda do candomblé cada indivíduo nasce com uma natureza própria que vai se amoldando e se aperfeiçoando no decorrer da vida. Essa natureza própria é nosso Nkissi por isso dizemos que nossa cabeça pertence a esse ou aquele Nkissi. O Nkissi não é nosso anjo da guarda. Ele é nossa natureza mais profunda por isso cada indivíduo tem suas próprias manias e seu jeito de ser. Se o nkissi é a nossa natureza mais profunda somos socialmente e culturalmente quase uma cópia dele, por isso nos comportamos de maneira tão parecida com ele.

No candomblé as pessoas transferem-se de casa, de grupo e até de nação. É muito comum vermos pessoas que pertenciam a uma nação passarem a pertencer a outra com muita freqüência. E ao mudar de nação apenas transferem o nome da divindade adaptando-a ao novo meio. Se no angola era de mutakalambô, passa para o keto como Oxossi e assim por diante. Ou se era no keto Oxum passa no angola a ser Dandalunda. Tudo muito bonito se não fosse por um detalhe. Ou sua natureza já era de orixá e não de Nkissi ou está havendo uma enorme enganação cujos resultados redundarão em fracassos e mazelas na vida.

Se há similaridade entre as divindades, há também profundas diferenças que devem ser levadas em conta. No início dos candomblés os indivíduos eram conduzidos para essa ou aquela casa de acordo com o resultado do jogo. Se fosse de angola era encaminhado para uma casa de angola, se de keto ia pro keto. Hoje em dia, os zeladores em sua maioria querem é ter filhos de santo. Váo logo recolhendo sem levar em conta as particularidades de cada um. O resultado é o desastre, o mal estar e o nome do candomblé na lama.v

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei seu blog! É bem verdade tudo o que falestes! Sou de Porto Alegre/RS aqui temos a religião de nação: Cabinda, Gege com Oyó, Gege com Gexá e outras... Tenho passado por dificuldades devido a mudança de nação pois as práticas ritualistas se diferem e pequenos detalhes geram grandes consequencias na vida... Além disso a inexperiência e a falta de conhecimentos também geram transtornos... Parabéns pelo blog! Abraço!